Humor
Globo supera escândalo Melhem com pacotaço de humor e sitcom de Regina Casé
Quatro anos após o escândalo sexual que desmantelou seu núcleo de humor, a Globo retoma em 2024 a produção de programas do gênero. E promete vir com tudo: em abril, será realizado o primeiro pitching interno com projetos de novas séries cômicas, sitcoms e atrações baseadas em esquetes, como os finados Tá no Ar (2014-2019) e Zorra (2015-2020). Uma comédia de situação estrelada por Regina Casé já recebeu sinal verde e está em desenvolvimento. Os projetos são para o segundo semestre e para 2025.
O pitching, algo como um concurso em que se “vendem” ideias para uma plateia de “compradores”, foi anunciado na última quinta-feira (14) por Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, em uma transmissão interna liderada por Paulo Marinho, diretor-presidente do grupo de comunicação, e conduzida pela jornalista Andréia Sadi.
Será a primeira oferta exclusiva de formatos de humor para todas as plataformas (Globo, Canais Globo, Globoplay e internet). Já estão estruturados 20 projetos, e até abril serão 30. O trabalho é resultado da reestruturação do núcleo de humor, em junho do ano passado, quando Amauri Soares nomeou Patricia Pedrosa (de Cine Holliúdy) para o cargo de diretora da subdivisão.
No pitching, os criadores de projetos terão um tempo pré-determinado para apresentar suas ideias a executivos da Globo, Canais Globo, Globoplay e sites do grupo. A principal orientação da retomada do humor é a diversidade. A Globo busca variedade de cores, sotaques, formatos e temáticas, sem nenhuma restrição editorial nem qualquer tipo de intolerância.
Entre os projetos já estruturados, há programas de esquetes, sitcoms e de dramaturgia, que vão de formatos de humor para a internet até candidatos a uma vaga na programação da TV Globo ou no calendário de lançamentos do Globoplay. Além de profissionais da própria Globo, há projetos com produtoras e autores independentes, inclusive de fora do eixo Rio-São Paulo.
O projeto de sitcom de Regina Casé larga na frente. Pré-aprovado pela Globo e pelo Multishow, já conta com uma equipe de redatores. O Notícias da TV apurou em primeira mão que se trata de uma ideia original de Regina e segue os moldes do extinto Sai de Baixo (1996-2002), com toda a ação desenvolvida nos cenários montados em um palco diante de uma plateia.
Polarização política x escândalo Melhem
Nos últimos anos, muito se especulou que a paralisação do humor na Globo seria uma consequência da polarização política do país, que a emissora estaria fugindo do risco de ser acusada de favorecer este ou aquele segmento ideológico. Reservadamente, executivos refutam essa ideia e admitem que o motivo da implosão do humor da casa foi o escândalo Marcius Melhem.
Em março de 2020, Melhem foi afastado da direção do núcleo de humor após as atrizes Dani Calabresa e Maria Clara Gueiros o denunciarem por assédio sexual, ainda em 2019. Ele só foi demitido em agosto, depois de investigação interna constatar “práticas abusivas” do diretor contra subordinadas.
Silvio de Abreu, então diretor de Dramaturgia, assumiu o comando do humor, mas o escândalo desarticulou todo o grupo que conduzia os projetos do setor. Abreu também não teve tempo. Deixou a casa em novembro de 2020, em uma ampla reestruturação da alta cúpula e da estrutura de governança.
Na reformulação, Ricardo Waddington passou a controlar os Estúdios Globo, responsável pela produção de entretenimento e dramaturgia não só da TV Globo, mas de todas as plataformas. Waddington, contudo, ficou só dois anos e quatro meses na função. Em março do ano passado, foi substituído por Amauri Soares.
Três meses depois, Soares anunciou a reconstrução do núcleo de humor a partir do zero. Ele fez questão de colocar uma mulher, Patricia Pedrosa, no comando e deu maior autonomia ao setor. Antes, a área estava subordinada à direção de Dramaturgia, hoje ocupada por José Luiz Villamarim. Agora, é um núcleo independente, com poder para criar novos processos e um novo portfólio de projetos.
Outro núcleo aberto por Soares em junho de 2023 foi o de Filmes de Janela Curta, que são longas que estreiam no cinema e logo depois percorrem as plataformas do grupo (Globoplay, canais pagos e TV aberta). Diferentemente da Globo Filmes, as produções do núcleo não contam com parcerias externas e são 100% financiadas pela Globo.
Na última quinta, Soares anunciou que serão produzidos oito filmes neste ano, aproveitando eventuais ociosidades em seus estúdios e cidades cenográficas. O núcleo estreia já no próximo dia 28, quando chega às salas de cinema Dona Lurdes – O Filme, derivado da novela Amor de Mãe (2019) e estrelado por Regina Casé.
noticiasdatv / uol
foto: globo
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